Fabiana Ratis é de Recife e Érika Rabêllo
também recifense morando em Buenos Aires. Uma amizade de longa data sendo
resgatada através da internet, mediada pelo mundo das Artes e Literatura. No
início da primavera, entre vinhos, tangos e frevos, uma crônica, uma homenagem.
Michael Jackson, Paralamas, Titãs, Phill Collins, Madona,
Melissa Grandene, Legiões Urbanas. “Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda
peão, o tempo passou num instante, nas voltas do meu coração”. Chico Buarque, grande
compositor, sim, por que não?
Recém-saídas do
científico, faculdade: jornalismo e administração. “Sem querer fui me lembrar
de uma rua e seus ramalhetes”. Eram muitos os bilhetes. No Instituto
Profissional Maria Auxiliadora, onde estudamos quase uma vida inteira, nossas
raízes; essencialmente verdadeiras! Vidas lançadas aos desafios de uma fase
adulta: nem sempre águas calmas, velas içadas, tempestades, arrebentação.
Recife, arrecifes de
corais, Pernambuco, “nova Roma de bravas guerreiras...”. Frevo, Capiba, “Nelson
Ferreira toque aquela introdução.” Buenos Aires, Argentina, Carlos Gardel,
Piazzolla, tango, fascínio e adaptação. “Desde que se fué, nunca más volvió,
Caminito mio...”. Nossas vivências e convivência separadas por anos a fio.
Sem que soubéssemos, o
manancial de respeito, afeto e admiração estava sendo preservado na adega do
tempo, longe dos rodopios do vento, decantando uma suposta emoção. “Vida de
ventos e velas, vida que vem e que vai, a solidão que fica e entra, me
arremessando contra o cais!”. E a vida transcorria, testando cada uma, a cada
dia. Até que ponto eu ou ela resistiria? Nem só sofrimento, nem só alegria.
Romaria... E após 17 anos, um clique foi
o suficiente para reaproximar duas ex-estudantes, hoje aprendizes da vida. Quem
imaginaria?
Nossas vidas
entrecortadas pelas pontes do velho Recife, do Capibaribe e mais além: do Rio
Da Prata prateando o pôr-do-sol também! A primavera de 2014 se agiganta com um
sabor especial. Dos barris dos afetos adormecidos saem um brinde à amizade, à
semente lançada anos atrás, a alegria adolescente de momentos que não voltam
jamais. Outras primaveras hão de florir! Entre Pernambuco, Leão do Norte, e a
Argentina, de Borges, outros frevos e tangos, queremos ouvir!
O rótulo é tido como algo
pejorativo, mas se Ratis &Rabel fosse um vinho o que viria escrito em tão
valioso pergaminho? Na dúvida, adicione. Vale a pena tentar. Se a resposta for
positiva, é sinal de que se deve continuar.
Parabéns, Fabiana Ratis! Agradecimentos pela gentileza de estar conosco na festa de 7 anos do blog "Adornando a vida".
ResponderExcluirSucesso, querida!
Beijos!
Sonia Salim
Simples, profundo... Agradeço a oportunidade de ler algo tão bem lembrado, com arte, poesia. :)
ResponderExcluirObrigada ! Tirei as emoções do barril e joguei em alto-mar; parte do meu mundo quis compartilhar !
Excluir
ResponderExcluirLindo poema ou texto repleto de magia, não importa o que seja desde que tenha poesia.
Lá do fundo buscou imagens da nostalgia, transcrição de um passado adoçado pela alegria.
E na adega onde se compunham sabedoria, barris envelhecedores prontos à sangria.
Um brinde à saudade e à vida que transcorria! Saúde à amizade que no tempo viajaria!
Beijos Ratis & Rabel
Obrigada pela resposta tão inspirada... Nem sei a quem estou agradecendo, mas o comentário também estou enaltecendo !
ExcluirUM brinde a vc Fabiana Ratis, gosto de suas escritas...
ResponderExcluirPaulo Ricardo, obrigado pelo seu carinho de sempre. Um brinde à primavera !!!
ExcluirE bela sincronia entre texto e imagem, ambos poéticos.
ResponderExcluirRita ! Teri sido uma crônica também pintada, adornada por Sonia Salim, nos barris, pincelada ? Obrigada.
ExcluirQue lindo texto,amiga Fabi! Vc é uma bela poetisa! (agora dizem só poeta,não?)
ResponderExcluirGostei demais do nome do "vinho" Ratis & Rabel ! rsrs Genial!
Zinha, querida ! Nem eu sei mais quem eu sou. Começo a escrever e de repente sai tudo rimado da minha mente, num texto corrido. Estou numa fase muito criativa e as ideias se agigantam numa velocidade que eu quase não consigo controlar. Obrigada por me prestigiar.
ExcluirLady Rattis -
ResponderExcluirEste maravilhoso jogo de palavras poetizando suas intenções e recordações ao rememorar como se estivesse à velocidade da luz entre dois países, suas pontes é algo de sublime que comente uma consciência também sublime consegue expressar.
Ao utilizar a grande composição do Mestre Tavito, e sua Rua Ramalhetes, assim como outras metáforas, as quais utiliza de maneira soberba, me faz pensar que ouvindo algumas das músicas mencionadas, e "viajando" em minha imaginação por estes lugares, literalmente, a companhia de um néctar de Dionísio para os Gregos do Baco para os romanos, e ainda com o seu rótulo certamente me colocaria em um lugar simplesmente tão mágico que somente nossa imaginação conseguiria tal proeza. Ou então ler suas frases colocadíssimos em uma linguagem tão ricamente adornada que faz com que me apaixone ainda mais por nossa maravilhosa e última flor do lácio.
Faça-nos a gentileza, Lady Rattis, escreva mais.. .Publique mais... Nós sedentos e quase carentes de "embebedarmo-nos" de tão maravilhosas palavras certamente seria muito inebriante.
Por favor... Não pare!
Caro Giuseppe,
ResponderExcluirFiquei lisonjeada com suas belas palavras e quase sem saber o que dizer. Se disseste tudo ou quase tudo, o que mais tenho eu a dizer? Esses insights, digamos assim, ocorrem nas altas madrugadas, quando eu, sonhando, penso estar acordada. Só sei que quando chegam, preciso correndo anotar para não esquecer. Obrigado, thank you, gracias, merci. Que outras percepções assim venham; quero desse vinho de novo beber: das coisas que não esqueci e de outras que ainda pretendo viver.
Um texto intimista onde citações e metáforas adornam lembranças e tentam anular distâncias.
ResponderExcluirSobre o tempo, Fabiana constrói pontes, cria passagens e, com sagacidade, faz de Cronos um aliado, quando armazena em barris o néctar da amizade, do amor.
Quem degusta não se prende a rótulos.
Salud!
Dalva Araújo
Dalva, escreves com a alma. Quando me reporto aos meus tempos de colégio, cometo quase o sacrilégio de me deixar levar pela saudade, que me invade com tamanha voracidade, O rótulo aí é uma mera quimera de armazenar o que foi bom numa intocada esfera. Obrigada.
ExcluirDaniella, grata por seu comentário que definiu muito bem o que nem eu estava sabendo dizer o que fazia: misturando prosa, crônica e poesia. Um abraço, Fabiana Ratis.
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Gostei !!!!
ResponderExcluirSu Paes
Obrigada, Su ! Eu trouxe à tona matizes de minha época, certamente de muitos outros também...
ResponderExcluirUm passeio completo pelas alamedas do passado, bons tempos que, infelizmente, não voltam mais. O tempo deixou lembranças indeléveis em sua vida, como um vinho de qualidade, amadurecido em tonel de carvalho. Parabenizo-a por ter aberto as portas da sua adega para que todos pudessem degustar desse saboroso vinho.
ResponderExcluirPois é, Hugo ! Algo tão meu, da minha adega, mas tão valoroso para mim... Decidi compartilhar no intuito de cada um, ao ler, pudesse também buscar os barris de afetos adormecidos de suas próprias adegas. Obrigada !
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