Alberto Pincherle, sob pseudônimo
de Alberto Moravia nasceu em Roma – 1907. Filho de judeu com mãe católica, ele
encontrou o gosto pela leitura bem cedo na vida. Estavam entre as suas leituras
e influências, Arthur Rimbaud e Fiodor Dostoievski. Vários livros de Moravia
foram transformados em filmes. A sétima arte era a sua paixão, tanto que tornou-se
também crítico de cinema.
1934 é um romance fascinante que
inicia com a pergunta: “É possível viver no desespero sem desejar a morte?”.
Essa pergunta permeava a mente do protagonista, Lucio, que tentava
constantemente estabilizar o desespero para não se entregar ao suicídio. O
momento histórico era dos piores, florescia o nazismo e o fascismo. Talvez
tenha sido esse o motivo da desesperança de Beate, mulher que encontrou em
Lucio o parceiro ideal para colocar em prática o ponto final do desespero –
ali, na Ilha de Capri – o suicídio a dois, como na literatura, Kleist e
Henriqueta Vogel, à margem do lago Wannesee.
Teria Lucio, sucumbido aos
desejos de Beate? Ou, ele conseguiu convencer à misteriosa atriz alemã a
estabilizar o desespero através de sua imensa paixão?
Muitos acontecimentos nos
surpreenderam no decorrer dessa enigmática história de amor, o que deu maior
movimentação ao romance, tornando agradável a leitura.
...
“-Estou desesperado, sim. Mas, sobre o desespero, não
tenho a mesma idéia de Beate.
-Qual é a sua idéia?
-A minha idéia é que o desespero deve ser a condição
normal do homem. Portanto, não há necessidade de chegar ao suicídio.”
“-Vamos nos entender, não é muito
complicado. Eu acho, estou convencido, tenho absoluta certeza de que a condição
normal do homem deveria ser o desespero. Um desespero tão natural quanto o ar
que respiramos. A única diferença é que respiramos sem ter consciência. Mas não
podemos deixar de ter consciência de estarmos desesperados. Ora, cheguei à
conclusão de que enquanto, por um lado, devemos recusar com firmeza as muitas
ilusões que a natureza nos propõe, por outro lado devemos estabilizar o
desespero, isto é, aceitar as normas, como na vida social aceitamos as leis.
Vivemos num mundo desesperado; devemos aceitar as suas leis.”
...
Leia o meu poema no CLIc
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Sonia Salim