Entrevista com Roberta de Souza - autora de "Meninas de 30"

Oi pessoal. Trago novidades. Nosso blog apresenta sua primeira entrevista e quem inaugura é a jornalista e escritora Roberta de Souza. Ela lança seu primeiro livro, Meninas de 30, amanhã, dia 5 de dezembro de 2012, às 17h, na Biblioteca Pública de Niterói.

Confira o papo entre a autora e a também escritora e

jornalista Rita Magnago*.

Roberta de Souza

Como você se sente às vésperas do lançamento de seu primeiro livro? Dá um friozinho na barriga só de pensar?

Nossa! Se dá! Criar coragem para publicar algo, "dar a cara a tapa", é como se despir em público. Dá vergonha, medo, mas uma curiosidade enorme para ver o que vai acontecer! rs

Eu sou jornalista, porém tenho um sério problema quando viro o centro das atenções (vai entender!), morro de vergonha! Mas vamos lá! Vou encarar! Espero, de coração, que tudo dê certo!

A ideia de escrever crônicas sobre as balzacas modernas surgiu a partir de quê? Alguma situação inspiradora?

Surgiu comigo mesma sabe... Ela tem muito, muito de mim. Eu estava chegando aos trinta e tinha acabado de me separar. Então, para ocupar a mente, distrair um pouco a tristeza que é uma separação, resolvi colocar no papel tudo o que acontecia... Assim comecei o livro, aí foram surgindo novas ideias e a vida de Marina foi tomando forma e se desprendendo de mim.

De que forma você vê o universo psicológico feminino? Hoje balzacas seriam todas as mulheres a partir dos 30?

Eu não sou muito boa para descrever nenhum tipo de perfil psicológico, já que o meu é completamente estranho...rs Mas realmente, quando estamos chegando aos 30 o nome balzaquiana pesa... Entramos em crise mesmo! Hoje, o perfil das idades não se parece em nada com os perfis das idades de 30 anos atrás, por exemplo. As mulheres da minha família nesta idade já eram mães, e viviam de forma bem diferente. Hoje, com a vida corrida da maioria das mulheres, agora que paramos e começamos a pensar em família...

O curioso foi perceber que muita, muita gente não sabe o que o nome Balzaquiana significa.

Achei este trecho no Blog Mulheres de 30. Bem pertinente como explicação. (Texto original: http://www.mulheresde30.com/as-balzaquianas-por-honore-de-balzac/)

O termo balzaquiana refere-se às mulheres com mais de 30 anos, e assim ficou conhecido após a obra do escritor Honoré de Balzac “A mulher de 30 anos”. Já foi considerado pejorativo, pois há algum tempo atrás a mulher de mais de 30 já era considerada ‘velha’, ‘coroa’, mas, hoje, nós sabemos que as mulheres com mais de 30 estão com tudo. Estamos na flor da idade, na plenitude de nossa feminilidade, no ápice de nossa vida  sexual, amorosa, afetiva,  e com muito gás pra tudo o que ainda há de vir… E se não sabemos o que queremos ainda, com certeza, já sabemos o que não queremos para nossas vidas! E como já dizia Balzac em seu livro: “Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis para um rapaz… obedece a um sentimento consciente. Escolhe… dando-se. A mulher experiente parece dar mais do que ela mesma, ao passo que a jovem, ignorante e crédula, nada sabendo, nada pode comparar nem apreciar… Uma mulher… se esconde sob mil véus… Afaga todas as vaidades… Chegando a essa idade, a mulher sabe consolar em mil ocasiões em que a jovem só sabe gemer. Enfim, além de todas as vantagens de sua posição, a mulher de trinta anos pode se fazer jovem, desempenhar todos os papéis, ser pudica e até embelezar-se com a desgraça”, finaliza.

Você acha que, apesar das enormes evoluções tecnológicas, as mulheres ainda lutam consigo mesmas tentando afastar a culpa e perseguindo seus ideais, especialmente no campo amoroso?

Sem sombra de dúvidas! Por exemplo: mãe é mãe em qualquer tempo, né? Qual a mãe que, mesmo precisando, não se sente culpada e triste por deixar seu bebê para trabalhar? 

Qual a mulher que nunca tentou de tudo para ficar com o homem que amava? Neste TUDO podemos até incluir algumas coisas bem tristes... Muitas ainda se perdem por isso, se magoam, entram em depressão...

Se pararmos para observar a doença do século (a síndrome do pânico) veremos que muitos dos sintomas têm por base a carência e a solidão emocional.

Justamente por causa de tanta tecnologia, as pessoas ficam cada vez mais afastadas do mundo real, preferindo viver o virtual, se fechando e se tornando vulneráveis, muitas vezes de forma negativa, a estímulos externos, principalmente quando o assunto é relacionamento.

A escolha do humor e da descontração para tratar de temas tão aflitivos foi proposital? Fale um pouco das vantagens dessa linguagem.

Foi sim. Por vários motivos: por ser a forma de linguagem literária que mais gosto de ler; por ser mais leve, principalmente para tratar de temas pesados como o câncer de mama e traição; e para seguir o perfil da história. 

Todas nós deveríamos ter uma Doida que nos tirasse dos "eixos" de vez em quando. A loucura é doce, quando bem utilizada. A vida é pesada demais, difícil demais, para vivermos sem humor, sem risos, sem momentos únicos.

A alegria, a felicidade é inerente a todo ser humano, então por que se apegar as tristezas? Que elas passem e que os momentos alegres fiquem!

* RitaMagnago lançou recentemente seu livro de poesias, Travessia do Verso, no Teatro Municipal de Niterói. Maiores informações no blog da autora: http://ritamagnago.blogspot.com.br/2012/09/travessia-compartilhada.html