18/06/2020

O escritor solitário - Sonia Salim




Poema inspirado no livro de Thomas Mann - A Morte em Veneza 




O cólera passeava silenciosamente entre as gôndolas
Navegava nos estreitos canais da bela Veneza
O escritor solitário ouviu os rumores
que corriam em segredo nos bastidores
A admiração e o encanto pelo belo
neutralizou o medo, impediu a fuga
O velho corpo sucumbia, o espírito animava
Enorme contradição
Enquanto um vento quente e seco soprava do mar
o suor escorria pelas têmporas
causando náuseas, mal-estar
Entretanto o belo era um forte feitiço
que movia o coração e mantinha a vida
A urgência era sorver a juventude de uma só vez
algo novo, bonito e saudável
admirar o frescor da manhã
A morte à espreita apressava
a vida dentro do peito não usa disfarce
o tempo impaciente não faz acordo
é agora ou nunca mais
os pés na água salgada do mar
o silêncio, os olhares
a falta, a despedida
e o último suspiro



Leitura através do Clube de Leitura Icaraí 



4 comentários :

  1. Lindo! Muito bacana capturar poeticamente a arte que existe no romance. Parabéns!

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    1. Fico feliz de ter o seu comentário aqui no blog e saber da sua apreciação do poema. Eu imagino que a discussão sobre o livro tenha ocorrido nas diversas vertentes de opiniões o que constitui uma riqueza enorme. Sempre grata.

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  2. Coloquei um link no blog do clube de leitura pra tua página. Está na imagem do gondoleiro.

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    1. Eu vi. Amei! O Clube de Leitura Icaraí é o máximo nas escolhas dos livros! Os poemas são construídos num impulso interno irresistível. Cada um deles representa a sensibilidade, a "menina dos olhos" para mim. Muito grata. Sonia Salim

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Grata

Sonia Salim