Autor: Hugo Feijó Fº
Saudade do peão e a brincadeira de amarelinha na calçada
Saudade das animadas festas de aniversário da criançada
Saudade das pipas coloridas, empinadas do alto do morro
Saudade das revistas do Tio Patinhas, Fantasma e o Zorro
Saudade das aventuras que foram deixadas bem lá pra trás
Saudade das rabanadas fritadas em um velho fogão a gás
Saudade das pessoas humildes, que viviam com esperança
Saudade das inúmeras travessuras, dos tempos de criança
Saudade das pessoas e do meu grande círculo de amizades
Saudade da Ponta da Praia, das balsas para outras cidades
Saudade da Ilha Porchat, cravada de prédios e discotecas
Saudade dos postos de salvamento, e das praias repletas
Saudade da Crush, Tubaína, drops Dulcora, do velho bonde
Saudade das brincadeiras de cabra-cega e esconde-esconde
Saudade dos casarões azulejados e das torrefações de café
Saudade da charutaria que vendia charuto, isqueiro e rapé
Saudade das festas juninas, os quitutes, quadrilha e fogueira
Saudade do sonho recheado com chocolate, comido na feira
Saudade do colégio na esquina, onde aprendi toda tabuada
Saudade das enchentes no quintal, presenciadas da escada
Saudade das bolinhas de gude, dos jogos com bola de meia
Saudade dos bolinhos fritos da vovó e do mingau de aveia
Saudade dos bailes no bairro, nas frias tardes de domingo
Saudade das vizinhas, passeando na rua e sempre sorrindo
Saudade do lambe-lambe, que tirava fotos no meio da praça
Saudade da cera Parquetina, óleo de Peroba, maria-fumaça
Saudade do jornal em preto e branco e da revista O Cruzeiro
Saudade do morro São Bento, onde abriga o famoso Mosteiro
Saudade do carnaval com serpentina, confete e lança-perfume
Saudade do canto da cigarra nas noites de verão, do vaga-lume
Saudade das roupas feitas sob medida de gabardine, tergal, linho
Saudade do bar do Jesus, onde trabalhava meu amigo Toninho
Saudade da padaria, onde comprava pão quente e leite Vigor
Saudade da antiga igreja do Valongo, onde rezava com fervor
Saudade dos carrinhos de rolimã, rodando na toda pelas ruas
Saudade dos tempos idos, da estação de trem, saudades suas...
Nem é bom lembrar. Tempos que não voltam mais. Como era rica, a vida de Santos. O mundo tecnológico põe tudo a perder.... Permanecem as saudades, tão sómente.
ResponderExcluir“Poeta, não é somente o que escreve.É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima à autenticidade de um verso.”— Cora Coralina.
ResponderExcluirLindo poema!
Feliz Aniversário ao poeta!
A frase de Cora Coralina a respeito de quem escreve uma poesia e se extasia com o achado das palavras certas para compor o sentido da frase, tanto quanto o sentido da poesia em valores e rimas é tão autêntico quanto o sentimento de ver (ler ou ouvir) alguém reconhecendo e se manifestando em favor disso.
ExcluirAcredito que o Hugo Feijó ficará muito feliz com você e com a sua sensibilidade em reconhecer no texto da Cora, os sentimentos de quem escreve preocupado em não fugir do contexto e nem da composição das rimas, como ele o faz com muita competência.
Parabéns por sua sensibilidade...
Hugo Feijó, você foi lá longe e buscou o que hoje me provoca saudades.
ResponderExcluirVocê teve a preocupação de lembrar e citar quase todas as brincadeiras, utensílios e guloseimas que me atraíam na infância.
Teve também a preocupação de colocar todos os nomes nos lugares certos, seguindo uma sequência e não fugindo das rimas, que é uma qualidade sua, pois me induz acreditar que essa seja uma regra pertinente e que você muito preza.
Também quero ressaltar que você tem uma boa memória, pois não deixou escapar nada, encaixou tudo no seu poema e me provocou olhares para o vazio a fim de resgatar as imagens que ainda trago na memória.
Bem, desejo que você seja bastante feliz e tenha muita saúde para continuar a compor seus poemas com bastante competência.
Mas cá entre nós, e que ninguém nos ouça (leia): Tu tá velho, hein, cara! Quis dizer: estamos...
Arno, Su_Moura e Alexandre, muito grata por fazer parte da grande festa de aniversário do poeta, Hugo Feijó. Com "Saudade dos Velhos Tempos" nos reunimos em boas lembranças. Bom demais!
ResponderExcluirAbraços! Sonia Salim