28/01/2011

Histórias para Brenda

Imagem: ver link relacionado
                                                                                                       
Era uma manhã de sol e o calor estava só começando quando peguei apetrechos como bolsa, tinta, dinheiro e sombrinha, caso chovesse, e fui para a cabeleireira a fim de pintar o cabelo. Chegando lá, como a casa era agregada ao salão, percebi que tinha visitas e entre elas um jovem de 16 anos e uma criança de apenas seis. Entrei e fui atendida prontamente, o cabelo já estava pintado esperando o tempo ideal para a cor fixar, quando de repente passou um homem pelo salão e saiu de carro enquanto a menina de 6 anos olhava e fazia cara de choro porque o pai havia saído. Então, eu resolvi perguntar o nome dela. 
- Qual o seu nome, Brenda? (Eu já havia escutado alguém chamando por ela e gravei o nome)
E ela respondeu já esquecida do choro: 
- Brenda! E abriu um sorriso...
Então, comecei a conversar e ela pegou papel e caneta para escrever o seu nome, mas como estava descontraída nas férias, esqueceu a grafia, pois iria começar a alfabetização naquele ano. Brenda teve a idéia de pegar livros infantis para que eu fizesse a leitura, enquanto ouvia atentamente e de vez em quando fazia pequenas interrupções para contar a história que já sabia. A linguagem do livro estava muito rebuscada para a idade da menina e ela não aguentava esperar a leitura mesmo usando mímica e ruídos de animais para que a história ficasse mais emocionante. Até que eu conseguia arrancar muitos risos da Brenda quando lia ‘A Bela e a Fera’ fazendo voz alterada quando a Fera entrava na cena. Eu não sou uma péssima contadora de histórias, estou treinando para ocasiões surpresas como essa. Quem iria pensar que teria de contar histórias infantis enquanto usava tonalizante nos cabelos em um salão de beleza? São coisas da vida, ninguém conta com isso. Na hora de lavar os cabelos e preparar para ir embora não pude usar os óculos e tive de parar a leitura enquanto Brenda conversava toda animada e dizendo que tinha gostado muito de mim e fazia planos para novas leituras nas próximas férias. Eu disse que o cenário na vida real seria todo modificado e que ela já estaria bem grande e poderia também aprender a usar o computador e escrever suas histórias. E toda empolgada despedia de mim enquanto eu pagava à cabeleireira que era tia de Brenda. Dei uma nota de 5+2+2 para pagar 10 reais e conversa vai, planos de cá e de lá com a delicada menina, não percebi o erro que havia cometido. Grande encantamento com histórias infantis! Erro bárbaro no acerto de contas! E a cabeleireira disse em tom de dúvida, que não teria nenhum troco e fez novamente a soma junto comigo, usando de enorme gentileza, pois percebeu o meu erro. Minha mente havia deletado o número 6 que não entrava de jeito nenhum na contagem. Dei uma nota de 5+2+2 e ao falar, eu contava 5, 7-8, 9-10, então, parei a conversa com Brenda e contei atentamente para ver se percebia o que a cabeleireira queria dizer. Ao perceber, paguei o que faltava e despedi de Brenda que ainda estava encantada com o encontro casual que resultou em leituras de histórias infantis. Com toda essa empolgação em contar histórias, encontros, despedidas, empatia, erros no pagamento, eu fico imaginando essa graciosa menina e o que será no futuro. Uma contadora de histórias? Uma escritora? Não sei, mas ficará registrado para que em todo tempo e lugar, alguma Brenda possa encontrar uma contadora de histórias disposta a esquecer os números pelo encantamento dos livros infantis.
                                                                                                                              @soniasalim
Acrescentando conhecimentos:
-->
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2004/espaco50dez/0capa.htm 

4 comentários :

  1. Ai, ai, ai, Dona Sônia, que coisa feia, tentando passar a perna na pobre cabeleireira.
    Só vou perdoá-la porque, afinal de contas, fez uma boa ação, e que boa, uma ótima ação. Quem sabe no futuro exista uma escritora que só tornou escritora porque aos seis anos, uma gentil mulher teve a boa ação de lhe contar uma história, ela só não pode aprender a passar a perna em cabeleireiras inocentes, isso não. kkk
    Adorei a história.
    #papagaio fala demais, eu sei. Mas sei, também, que você há de me perdoar.
    Obrigado pela lição de hoje, a de contar história e não a de passar a perna na cabeleireira.

    ResponderExcluir
  2. Claro, Valdir, @ninhoderisos1 , que você está perdoado! Afinal, parte do seu sucesso vem desse humor maravilhoso! Eu disse, 'parte', porque não conheço o restante... rs Mas, essa de contar história é uma novidade na minha vida, mas preciso ter em mão os livros infantis, senão... rs Ah, e quanto à cabeleireira, fique tranquilo, todo mês eu preciso voltar para colorir os cabelos. rs
    Obrigada pela visita e comentário bem-humorado que veio ao encontro da história de hoje.

    Grande abraço!

    @soniasalim

    ResponderExcluir
  3. Quem precisa de matemática né?

    ResponderExcluir
  4. Risos. Errei, mas por uma boa causa. Obrigada pela visita.

    Grande abraço!

    @soniasalim

    ResponderExcluir

Faço a moderação dos comentários, por isso ao enviar sua mensagem, aguarde pela aprovação. Comentários ANÔNIMOS ou com links NÃO serão publicados. Lembre-se de assinar!

Grata

Sonia Salim