05/10/2007

O olhar que liberta

Numa tarde ensolarada estávamos a estacionar o veículo numa ladeira. Próximo dali avistamos um semelhante encostado na parede como um aprisionado de si mesmo, com o olhar sombrio e triste, que nos fitou e aproximou pedindo algum recurso necessário. Negamos a princípio, então, resignado, ele voltou ao local anterior e no semblante o mesmo olhar vazio e triste diante de recusa tão fria. Em minutos, refletimos no quanto gastamos sem a menor necessidade como se jogássemos fora algo, então, imediatamente chamamos a pessoa e dissemos que tínhamos resolvido atender o seu pedido. Foi tão lindo esse instante! O sorriso no rosto e a liberdade alcançada era como se o céu estivesse sendo aberto naquele momento para uma entrada triunfal. Aquela decisão, naquele momento, proporcionou libertação. Às vezes, estamos aprisionados a algo que não conseguimos desatar sem a interferência do outro. Essa é a importância da vida, poder lançar o olhar sobre o outro e perceber laços a desatar. E essa é a satisfação da alma: quando tiver ao alcance das mãos, deve desamarrar as ataduras do próximo. Pode ser que nossa vida esteja de alguma forma truncada também, e alguém possa perceber e resolver destravar. Nós não sabemos o momento da libertação, mas conseguimos perceber que um simples olhar traz vida ao ser humano, porque olhar o outro promove libertação.
Em todos os dias de nossa vida, nunca pudemos participar de tão grande alegria, a pessoa não tinha qualquer vestígio de álcool nem cigarro, não foi um acontecimento qualquer, corriqueiro, e sim, algo que imprimiu todos esses sentimentos em nossa alma.

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Sonia Salim