O ESTRANHO NO CORREDOR - Chico Lopes

O livro do escritor, Chico Lopes, nos aponta para um protagonista que, por todo o tempo, vive em busca de seu próprio eu, uma identidade que pudesse defini-lo. Morando na cidade grande, mas vestindo a roupagem do homem do interior, teve de fazer o retorno em busca de suas origens. Os seus amigos não tiveram habilidade necessária para ajudá-lo na busca de si mesmo que o atormentava e perseguia a cada dia. Volta e reencontra a tia que o criou e sempre exerceu muita influência sobre ele, de certa forma o aprisionando a uma vida pacata, na mesmice e no temor. A vivência dos pais que já haviam morrido nos dá uma percepção e nos ajuda a entender os motivos que o levava a sentir-se fora do mundo, um ser sem direção, sem apoio, perdido de si mesmo. A princípio as palavras do autor nos causa certo impacto fazendo-nos lembrar a maneira crua como Dostoiévski disseca as cenas. Ao mesmo tempo em que mostra a coragem do autor na exposição de situações que jamais abordaríamos, por extremo pudor, o que faz o leitor questionar: como pode escrever dessa forma? Podemos finalizar elogiando a forma minuciosa que o autor usou para descrever os locais por onde os personagens se deslocavam como também evocando lembranças que envolviam filmes, telas, livros, música. Valeu a leitura!

Foi através do CLIc - Clube de Leitura Icaraí, que eu pude ler o romance, “O estranho no corredor”, de Chico Lopes, participar da entrevista no Facebook e ainda contribuir com um poema pequenino, uma produção que costumamos fazer acerca das leituras que empreendemos.

Indefinido

Perdeu-se tentando encontrar a si mesmo

numa identidade que ocultava a dor

Naquela sombra doentia que o perseguia

viu sua história de vida como a força

exercida por uma grande pedra

a esmagá-lo brutalmente

Prisioneiro do passado

seguia sem rumo, sem amigos

para resgatar da insanidade herdada

o ser indefinido... em vão

Enlouquecido... desapareceu

E a sociedade continuava perversa, inconsequente

Com tanta gente eloquente...

Sonia Salim

Entrevista:

Imagem da Palavra - vídeos  1 e 2